Através da arte de ouvir e contar histórias, crianças do mundo
inteiro têm aguçado seu potencial criativo mediante a elaboração
de cenários imaginários, onde reis e rainhas, gnomos e gigantes,
princesas e plebeias, príncipes e gente do povo tem sempre algo a
oferecer, seja uma reflexão sobre os valores éticos, estéticos,
políticos e religiosos, seja uma aventura que só pode ser vivida
através das asas da imaginação.
Autores/atores conhecidos ou anônimos se debruçam sobre a criação
e/ou contação de contos e histórias infantis tendo em vista a
ampla gama de conhecimentos implícitos e explícitos dessa obra que
encanta crianças e adultos de todas as idades.
Nessa perspectiva, a narrativa do conto de fadas tem como objetivo
principal atingir propensões consoladoras mediante a manipulação
de significados simbólicos, acima de tudo, intra e interpessoais.
Cada personagem, cada enredo, cada detalhe faz parte de uma trama
complexa que visa atender aos apelos do inconsciente humano frente
às mais variadas situações. Ela representa para a criança a
possibilidade de lidar com questões que, para ela, parecem
difíceis de resolver, um instrumento de transportamento das
fronteiras interiores, constituindo-se uma busca pelo “respeito à
natureza lúdica que a infância demanda”
Através da narrativa maravilhosa dos contos de fadas, as tensões
dos relacionamentos interpessoais, assim como questões internas do
desenvolvimento psíquico da própria criança são reorganizadas
interiormente para que não lhe pareçam tão ameaçadoras.
A natureza da narrativa maravilhosa permite à criança lidar com
seus medos em um ambiente que lhe é próprio que é o do jogo
simbólico, onde os personagens, embora tenham algumas de suas
características preservadas, assumem formas condensadas ou até
distorcidas, conforme o desejo ou a necessidade psíquica dela.
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