segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Reflexões




As ervas daninhas só crescem em terrenos mal cultivados. Crianças e adolescentes já condicionados de forma negativa, no sentido psicológico, continuarão como tal, sob orientação descuidada ou não qualificada. Na escola, as horas de aula são tão importantes quanto as destinadas ao recreio.

É preciso saber orientar no sentido aproveitável, todas as horas. Não basta uma disciplina "dura", isto é até prejudicial, uma vez que acaba por criar "falsos disciplinados", e que na maioria das vezes, na verdade, são os hipócritas ou os rebeldes que defendem coisa nenhuma.

Os alunos mais atentos e estudiosos não são, por vezes, os mais inteligentes, porém os mais honestos. Seu espírito, voltado para as coisas que lhes despertam o interesse, não pode sonhar ou se fixar com os maus pensamentos. Não se confunda horas de trabalho interessado, com "horas laboriosas". O nosso atual programa de ensino  pesa pelo excesso de disciplinas. Um estudante honesto vê-se, na maioria das vezes, assoberbado, tirando um proveito mínimo dum esforço máximo, estafante, dentre as muitas disciplinas curriculares.

 Há ainda o fato de que cada professor está sempre enfatizando a maior importância daquela que lhe cabe ensinar! Não sobra tempo para a meditação regular. Sócrates afirmava: "Deixai ir o vosso pensamento num voo, como o dos insetos, mas prendei um fio as suas patas".

Por que não proporcionar semelhante vôo ao pensamento de nossos alunos, com um fio a prendê-lo e a outra ponta do mesmo em nossas mãos, a fim de que, ao menor desvio, possamos impedir que se percam?

O hábito de certos mestres, de cortar sem cessar um vôo de inteligência, nas crianças, castigando-as com reprimendas, infligindo-lhes outras penas, isolando-as de seus companheiros, fazendo-as copiar longos trechos desinteressantes, etc, é  sem dúvida, um hábito péssimo. Sabemos  citando alguns exemplos de crianças que, isoladas, desse modo, puderam trabalhar e produzir.

Sim, não se discute. São crianças de "um dom natural": o isolamento nesta idade é, quase sempre, um mau conselheiro. Longe de seus colegas e do olhar vigilante do mestre, o preguiçoso se acomodará mais facilmente à preguiça, ao devaneio, ao sonho. Quanto à prisão, é duvidoso que ela tenha corrigido algum aluno.

É certo, entretanto, que ela tenha modificado, para pior, o caráter de alguns. A maior parte saia pior do que entrava. Os apáticos perdiam o respeito humano, tornando-se cínicos; os nervosos tornavam-se irritáveis preocupados com possíveis vinganças. Os escritores que nos têm falado de sua juventude e que sofreram prisões nessa época, falam-nos, ainda hoje, revoltados, escondendo mal a sua cólera.

Não é menos perigoso o emprego de certos mestres que, na melhor intenção de corrigir o mal, dirigem demorados sermões, sem endereço certo, numa classe, deixando a criança indefesa, aos olhares e as críticas de seus colegas, dando-lhes, por vezes, apelidos que a acompanham por toda vida.

Temos que refletir sobre os limites da inteligência humana. Quem pode afirmar que essa faculdade se conserve por muito tempo em equilíbrio perfeito, permitindo a compreensão dos fatos e a teoria que leva ao conhecimento do que é divino e humano? Se voltarmos à infância, continuamos a respirar, a alimentar-nos, a ver o que nos cerca; continuam os movimentos e todas as outras funções semelhantes.

Mas a energia, a observação diligente para satisfazer às exigências morais, para analisar as impressões recebidas, para conhecer se é chegado o momento de deixar a vida, saber prover a todas as necessidades que o raciocínio bem desenvolvido exige, tudo se extingue quanto antes.

É necessário, portanto, aproveitar bem o tempo, moldando os futuros cidadãos, sem complexos.

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