É fundamental que isso seja dito, porque a gagueira é um dos problemas mais presentes nas crendices populares. Não há quem não conheça uma receita para acabar com esse mal, quase que milagrosamente. Ovos crus na alimentação diária, goles de água de cabeça para baixo, pedras na língua, tapas na cabeça, entre tantos outros. E o gago também faz parte da cultura nacional como o bobalhão, o desengonçado, o motivo da piada. E isso não tem graça nenhuma. Daí a propaganda veiculada nos meios de comunicação: gagueira não tem graça, tem tratamento.
A
gagueira é caracterizada por uma disfluência de fala seguida de mecanismos de
evitação e muita tensão. A pessoa gaga acha que não é capaz de falar com
fluência, mas como não pode existir simplesmente sem falar, quando se vê diante
de uma situação de comunicação, fica tensa; procura evitar as palavras quando
sabe, de antemão, que vai gaguejar; usa de artifícios como tiques diversos para
garantir a fluência.
O resultado disso é uma pessoa visivelmente travada ao
falar, cheia de movimentos involuntários que não fazem parte de uma
gestualidade natural durante um diálogo, usando palavras que, muitas vezes, não
faziam parte do discurso originalmente pretendido. Geralmente seus
interlocutores não sabem exatamente como agir nesses momentos.
Acabam por
antecipar as palavras para o outro ou receitar medidas que facilitem a
expressão, como fique calmo, respire fundo, fale devagar. O conteúdo da
conversa se perde e a sensação para o gago, a cada situação de comunicação, é
de muito fracasso e sofrimento. Quem se reconhece nessa descrição deve procurar
um fonoaudiólogo. Ele é o profissional mais indicado para dar encaminhamento a
esse problema.
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